Oda Nobunaga: Cinco Curiosidades sobre o “Estrategista Implacável” do Japão
Oda Nobunaga (1534–1582) é uma das figuras mais marcantes do período Sengoku, a era dos senhores da guerra no Japão. Visionário, ousado e implacável, ele pavimentou o caminho para a unificação do país após séculos de conflitos feudais. Conhecido tanto por sua genialidade militar quanto por sua crueldade estratégica, Nobunaga deixou um legado que ainda influencia a cultura japonesa.

A seguir, cinco curiosidades que ajudam a compreender quem foi esse personagem histórico que mudou o destino do Japão.
1. Um jovem rebelde que desafiou tradições
Desde cedo, Oda Nobunaga mostrou ser diferente dos demais nobres de sua época. Nascido na província de Owari, era herdeiro de um pequeno domínio, mas sua juventude foi marcada por comportamentos considerados excêntricos e até escandalosos.
Enquanto os filhos de samurais eram criados com rígida disciplina, Nobunaga era conhecido por sua irreverência. Usava roupas extravagantes, andava entre plebeus e demonstrava pouco respeito por formalidades. Seu apelido na juventude era Owari no Outsuke (“O Tolo de Owari”), uma referência ao seu comportamento despreocupado.
No entanto, essa aparente rebeldia escondia uma mente ousada e estratégica. Após a morte do pai, Nobunaga enfrentou resistência de vassalos e até de membros da própria família. Mas, com apenas 18 anos, consolidou o controle de seu clã, derrotando rivais e iniciando sua ascensão como líder militar.

2. O primeiro a dominar o uso de armas de fogo no Japão
Uma das marcas mais revolucionárias de Nobunaga foi sua introdução e domínio das armas de fogo no campo de batalha. As armas haviam chegado ao Japão em 1543, trazidas por comerciantes portugueses que aportaram na ilha de Tanegashima.
Enquanto outros senhores feudais viam os mosquetes com desconfiança, Nobunaga percebeu imediatamente seu potencial. Ele investiu na produção local e treinou suas tropas para utilizá-los de forma estratégica.
O exemplo mais famoso ocorreu na Batalha de Nagashino (1575), quando Nobunaga enfrentou o temido clã Takeda, famoso por sua cavalaria. Em vez de confiar apenas em espadas e lanças, Nobunaga posicionou fileiras de arqueiros e atiradores armados com mosquetes atrás de barricadas de madeira. As descargas sucessivas de fogo dizimaram as forças inimigas, demonstrando o poder das armas modernas e mudando para sempre a forma de guerrear no Japão.

3. Um líder visionário e inovador
Além do campo de batalha, Nobunaga foi um administrador inovador. Ele promoveu reformas econômicas e políticas que romperam com o sistema feudal tradicional. Aboliu taxas de pedágio entre províncias, incentivou o comércio livre e apoiou o desenvolvimento urbano, abrindo espaço para o florescimento de mercados e cidades.
Também foi um patrono das artes e da cultura. Nobunaga apoiou o teatro Noh, o chá cerimonial e a arquitetura. Mandou construir o imponente Castelo de Azuchi, perto de Kyoto, não apenas como fortaleza, mas como símbolo de seu poder e de uma nova era de centralização. O castelo era decorado com ouro, pinturas refinadas e influências ocidentais trazidas pelos missionários jesuítas que começavam a se estabelecer no país.

4. Relações complexas com o cristianismo
Durante o século XVI, missionários portugueses e espanhóis chegaram ao Japão, trazendo consigo o cristianismo e novas tecnologias. Nobunaga foi um dos poucos líderes japoneses a acolhê-los positivamente.
Sua abertura não se devia à fé, mas à estratégia. Ele via os missionários como aliados potenciais contra os poderosos monges budistas, que frequentemente se opunham ao seu governo e mantinham verdadeiros exércitos religiosos. Nobunaga permitiu a construção de igrejas e o trabalho dos jesuítas, enquanto reprimia templos budistas que ameaçavam sua autoridade.
Apesar disso, não há registros de que tenha se convertido. Para ele, o cristianismo era mais uma ferramenta política do que uma crença espiritual. Ainda assim, sua tolerância abriu espaço para a expansão inicial da fé cristã no Japão.

5. Uma morte inesperada e um legado imortal
O fim de Oda Nobunaga foi tão dramático quanto sua vida. Em 1582, durante uma campanha militar, ele foi traído por um de seus generais, Akechi Mitsuhide. Cercado no templo de Honnō-ji, em Kyoto, Nobunaga cometeu seppuku (suicídio ritual) para evitar a captura.
Sua morte abalou o país, mas seu sonho de unificação não morreu com ele. Seu sucessor, Toyotomi Hideyoshi, e mais tarde Tokugawa Ieyasu, completariam a tarefa de unificar o Japão — um processo que começou com as reformas e vitórias de Nobunaga.
Hoje, Oda Nobunaga é lembrado como um dos “Três Unificadores” do Japão e símbolo de modernização e ruptura com o passado. Admirado por uns como visionário e temido por outros como tirano, ele permanece uma das figuras mais complexas e fascinantes da história japonesa.
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