segunda-feira, 13 de maio de 2024

Necrópole de 2700 anos encontrado na Itália

    Localizada perto da comuna de Amorosi, a cerca de 50 quilômetros de Nápoles, foi descoberta uma necrópole de 2700 anos. Esta necrópole pré-romana oferece uma janela única para as práticas funerárias e sociais da Idade do Ferro na península Itálica

Acredita-se que os objetos encontrados pertenceram à Cultura Yamna 

    A necrópole foi descoberta durante uma análise arqueológica preventiva, realizada antes da construção de uma usina elétrica. Os arqueólogos encontraram 88 sepulturas em uma área de 13 mil metros quadrados, revelando uma sociedade que valorizava seus mortos, enterrando-os com objetos que refletiam seu status e gênero. Homens eram frequentemente sepultados com armas, enquanto mulheres eram encontradas com ornamentos de bronze, como braceletes, broches e pingentes. Vasos de cerâmica também eram colocados nos pés dos falecidos, talvez como oferendas ou para acompanhar o indivíduo na vida após a morte.

    O elemento mais grandioso da necrópole é uma sepultura com dois círculos de cerca de 15 metros de diâmetro, que, segundo os arqueólogos, "certamente pertenceram a membros da elite da sociedade da época". Esses círculos são as únicas características visíveis da necrópole hoje, mas as tumbas ao seu redor só foram descobertas com as escavações recentes.

Cultura Yamna

    Acredita-se que os fundadores da necrópole tenham pertencido à Cultura Yamna também chamada de "Cultura do Sepulcro", que existiu no centro e no sul da Itália na Idade do Ferro, antes do aparecimento dos Samnitas. Esta cultura tinha como característica o enterro em sepulturas que se assemelham a fossas, onde os corpos eram posicionados deitados e com os joelhos dobrados. Assim, o cemitério é anterior aos Samnitas, que viveram na região centenas de anos depois de sua fundação.

A necrópole foi encontrada durante trabalhos arqueológicos preventivos na Itália


    As descobertas na necrópole de Amorosi não apenas iluminam as práticas funerárias da época, mas também fornecem insights sobre as interações sociais, econômicas e políticas da comunidade. Por exemplo, a presença de armas nos túmulos masculinos pode indicar uma sociedade em que o status era, em parte, derivado do sucesso militar ou da capacidade de liderança em conflitos. Da mesma forma, os ornamentos de bronze encontrados com as mulheres sugerem a importância da aparência e do status social, possivelmente refletindo seu papel dentro da estrutura familiar e comunitária.

    Além disso, a descoberta de vasos de cerâmica nos túmulos aponta para a complexidade das crenças religiosas e rituais da época. Esses objetos podem ter servido como recipientes para alimentos e bebidas, destinados a sustentar os mortos em sua jornada para o além, ou como símbolos de status que acompanhavam o indivíduo na morte, assim como na vida.

    A necrópole também oferece uma oportunidade para entender melhor a transição da Idade do Ferro para a era romana. As práticas funerárias mudaram significativamente com a chegada dos romanos, e estudar essas sepulturas pode ajudar os historiadores a traçar as transformações culturais que ocorreram durante esse período turbulento. 

O que é uma Necrópole

    Uma necrópole é na prática um grande cemitério histórico, geralmente situado fora dos limites de uma cidade ou vila. O termo "necrópole" deriva do grego antigo "nekropolis", que significa "cidade dos mortos". Ao longo da história, diversas civilizações criaram necrópoles como locais dedicados ao enterro e à memória dos mortos, refletindo suas práticas religiosas, sociais e culturais.

A necrópole oferece uma oportunidade para entender melhor a Idade do Ferro


    As necrópoles podem ser encontradas em diversas partes do mundo, com algumas das mais famosas localizadas no Egito, como a Necrópole de Gizé, onde se erguem as Grandes Pirâmides e a Esfinge. Essas estruturas monumentais servem como testemunhos da importância atribuída pelos antigos egípcios à vida após a morte e à imortalidade. As pirâmides, tumbas de faraós e nobres, eram equipadas com tudo o que os mortos poderiam precisar na vida após a morte, incluindo alimentos, bens e tesouros.

    Na antiga Grécia, por exemplo, as necrópoles eram frequentemente localizadas em colinas com vista para as cidades, simbolizando a proximidade dos mortos com os vivos. Os etruscos, uma civilização pré-romana na Itália, construíram complexas necrópoles como a de Cerveteri e Tarquinia, com túmulos decorados que ofereciam insights sobre suas crenças espirituais e práticas cotidianas.

    Além de seu valor arqueológico, as necrópoles também oferecem informações valiosas sobre a estrutura social, a economia e a cultura das civilizações antigas. Os itens enterrados com os mortos, como armas, joias, cerâmicas e ferramentas, ajudam os arqueólogos a entender melhor a vida e os costumes dessas sociedades.

    Hoje, necrópoles antigas são preservadas como importantes sítios históricos e turísticos, permitindo que as pessoas explorem e aprendam sobre o passado. Elas continuam a fascinar pesquisadores e turistas, oferecendo uma conexão tangível com a história e as culturas que moldaram o mundo. Assim, as necrópoles permanecem como lembranças duradouras das práticas funerárias e das concepções de vida e morte das civilizações que as criaram. 

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