O Japão foi atingido por um forte terremoto de magnitude 7,6 na escala Richter na tarde desta segunda-feira (1º de janeiro de 2024), que gerou um alerta de tsunami para as regiões costeiras de Ishikawa, Niigata e Toyama. O tremor foi sentido em várias partes do país, incluindo a capital Tóquio, e causou danos em edifícios, estradas, linhas de trem e redes de energia. Até o momento, quatro pessoas morreram e 107 ficaram feridas em decorrência do sismo.
O tremor de 7.6 na escala Richter foi sentido em várias partes do país |
O epicentro do terremoto foi localizado a cerca de 60 km de profundidade, na costa oeste da península de Noto, na província de Ishikawa. Segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA), o terremoto foi classificado como de nível 6 na escala japonesa de intensidade sísmica, que vai de 0 a 7 e mede o impacto do tremor na superfície. A JMA também emitiu um alerta de tsunami de mais alto nível, indicando que ondas de até 5 metros poderiam atingir a costa oeste do país.
No entanto, o alerta foi retirado cerca de duas horas depois, quando as ondas registradas foram menores do que o esperado. Em Ishinomaki, a cerca de 400 km de Tóquio, ondas de cerca de 30 centímetros de altura atingiram a costa da cidade, mas sem causar danos graves. Em outras áreas, as ondas variaram entre 10 e 20 centímetros.
Ondas de cerca de
30 centímetros de altura atingiram Ishinomaki
O governo japonês agiu rapidamente para lidar com a
situação de emergência, mobilizando as forças de defesa, a polícia, os
bombeiros e as equipes de resgate para as áreas afetadas. O
primeiro-ministro Fumio Kishida, que assumiu o cargo em outubro de 2023,
convocou uma reunião de gabinete de crise e ordenou que todas as
medidas necessárias fossem tomadas para garantir a segurança da
população e minimizar os danos.
Uma das principais preocupações
do governo japonês foi a situação da usina nuclear de Fukushima Daiichi,
que sofreu um grave acidente em 2011, após um terremoto de magnitude
9,0 seguido de um tsunami, que causou o derretimento de três dos seus
seis reatores e a liberação de radiação na área. Na época, mais de 18
mil pessoas morreram ou desapareceram em decorrência da catástrofe.
Desta
vez, a Agência de Regulação Nuclear do Japão informou que o alarme na
turbina de um dos reatores de Fukushima foi acionado automaticamente,
mas não houve incêndio no local. A agência também disse que não houve
alteração nos níveis de radiação na usina e nos arredores, e que os
trabalhos de desmantelamento dos reatores não foram afetados.
Apesar
do alívio, o terremoto desta segunda-feira reacendeu o debate sobre a
segurança das usinas nucleares no Japão, que dependem dessa fonte de
energia para suprir cerca de 30% da sua demanda elétrica. Desde o
acidente de 2011, o governo japonês vem enfrentando a resistência da
opinião pública e de grupos ambientalistas para reativar os reatores que
foram desligados por precaução. Atualmente, apenas nove dos 33 reatores
existentes no país estão em operação.
Fukushima: o terremoto reacendeu o debate sobre a
segurança nuclear
O terremoto desta
segunda-feira também trouxe à tona a memória da tragédia de 2011, que
marcou profundamente a sociedade japonesa. Muitos moradores da região
nordeste do país, que foi a mais atingida pelo desastre há 11 anos,
ainda sofrem com as consequências psicológicas, sociais e econômicas do
evento. Além disso, muitas áreas permanecem inabitáveis por causa da
contaminação radioativa, e milhares de pessoas ainda vivem em abrigos
temporários ou em outras províncias.
Fukushima: a areas atingida pelo desastre há 11 anos,
ainda sofrem com as consequências |
O Japão é um dos países mais propensos a terremotos do mundo, por estar localizado no chamado Anel de Fogo do Pacífico, uma área de intensa atividade sísmica e vulcânica. Segundo a JMA, o país registra cerca de 1.500 terremotos por ano, a maioria de baixa intensidade. No entanto, alguns tremores podem ser devastadores, como o de 1923, que matou mais de 140 mil pessoas em Tóquio e Yokohama, e o de 1995, que deixou mais de 6 mil mortos em Kobe.
Diante dessa realidade, o Japão investe constantemente em medidas de prevenção e mitigação dos efeitos dos terremotos, como sistemas de alerta precoce, construções resistentes, planos de evacuação, exercícios de simulação e educação da população. Apesar disso, os especialistas alertam que é impossível prever quando e onde ocorrerá o próximo grande terremoto, e que é preciso estar sempre preparado para enfrentar essa ameaça natural.
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