segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Como foi a Independência Cubana

    A independência cubana foi um longo e complexo processo histórico que envolveu diversas lutas contra o domínio colonial espanhol e a intervenção dos Estados Unidos.

A independência cubana foi um longo e complexo processo histórico


    O início da colonização espanhola em Cuba remonta a 1492, quando Cristóvão Colombo chegou à ilha pela primeira vez, pensando ter alcançado parte do continente asiático, e ele não poderia estar mais enganado. Mas é importante destacar que suas ações.

    Chamada pelos nativos de "Colba", a ilha foi rebatizada por Colombo com o nome de Juana, em homenagem a primeira filha dos reis católicos da Espanha, entretanto posteriormente o próprio Colombo em seus diários parece ter adotado o nome nativo da ilha, usando o termo Cuba. Colombo ficou impressionado com a beleza e a fertilidade da ilha, mas partiu para explorar outras terras. 

Em 1492 Cristóvão Colombo chegou à ilha pela primeira vez


    A colonização efetiva de Cuba começou em 1509, quando Sebastián de Ocampo circunavegou a ilha e provou que ela era uma ilha e não uma península com se acreditava. Em 1511, Diego Velázquez de Cuéllar, um dos companheiros de Colombo, foi nomeado governador da ilha e iniciou a fundação de várias cidades, entre elas Havana, em 1514. Velázquez também organizou expedições para conquistar outras terras, como o México e a Flórida, usando Cuba como base, graças a sua posição estratégica.

    A economia colonial de Cuba se baseou na exploração de grandes plantações de cana-de-açúcar e tabaco, que eram exportados para a Espanha e outros países europeus. A mão de obra utilizada nessas plantações era principalmente escrava, trazida da África.

    Desde o século XVIII, surgiram vários movimentos de resistência e de independência, inspirados pelas ideias iluministas, que guiaram a Revolução Francesa e as independências de outras colônias americanas. Entre esses movimentos, destacam-se a Insurreição dos Vegueiros (1716-1718), liderada pelos plantadores de tabaco contra o monopólio espanhol; a Conspiração de Soles y Rayos de Bolívar (1823), que pretendia unir Cuba à Grã-Colômbia de Simón Bolívar; e a Conspiração de La Escalera (1844), que envolveu negros e mestiços em uma revolta contra a escravidão e o colonialismo.

    A insurreição dos vequeiros foi uma das primeiras manifestações de descontentamento com a política colonial espanhola. Os vequeiros eram os plantadores de tabaco, um dos principais produtos de exportação da colônia. Em 1716, a Espanha impôs um monopólio sobre o comércio do tabaco, o que prejudicou os interesses desse grupo. Em 1720, os vequeiros se rebelaram contra as autoridades coloniais, exigindo a liberdade de comércio e a autonomia da ilha. A revolta foi reprimida com violência, mas deixou um legado de resistência.

    No século XIX, as ideias de independência se fortaleceram com a influência das revoluções liberais na Europa e na América. Em 1868, o advogado Carlos Manuel de Céspedes iniciou a chamada Guerra dos Dez Anos, ao proclamar a República em Armas, um governo que lutava pela emancipação de Cuba. Céspedes libertou seus escravos e convocou todos os cubanos a se unirem contra a Espanha. A guerra contou com o apoio de alguns países americanos e a simpatia dos Estados Unidos, que tinham interesses econômicos na ilha. No entanto, a falta de unidade e de recursos dos rebeldes, somada à repressão espanhola, impediu a vitória. Em 1878, foi assinado o Pacto do Zanjón, que encerrou a guerra sem conceder a independência, mas apenas algumas reformas políticas e sociais.

    Em 1895, um novo movimento autonomista se formou, liderado por José Martí, um poeta, jornalista e político que se tornou o símbolo da independência cubana. Martí organizou o Partido Revolucionário Cubano, que tinha como objetivo libertar Cuba do poder espanhol. Martí morreu em combate logo no início da guerra, mas seus companheiros, como Antonio Maceo, Máximo Gómez e Guillermón Moncada, continuaram a luta.

 Martí organizou o Partido Revolucionário Cubano


    Em 1898, os Estados Unidos entraram no conflito, alegando defender os direitos humanos dos cubanos e proteger seus próprios cidadãos e propriedades na ilha. O estopim da intervenção americana foi o afundamento do navio USS Maine, que estava ancorado no porto de Havana e explodiu misteriosamente, matando 266 pessoas. Os Estados Unidos acusaram a Espanha de sabotar o navio, embora não houvessem provas, foi o suficiente para aumentar o sentimento anti espanhol e justificar o conflito.

Estados Unidos entraram no conflito em 1898


    A guerra entre Estados Unidos e Espanha durou apenas alguns meses e terminou com a derrota espanhola, uma antiga potência colonial já em declinio, e a assinatura do Tratado de Paris, que reconheceu a independência de Cuba, mas também cedeu aos Estados Unidos o controle de Porto Rico, Guam e Filipinas. No entanto, a independência cubana não foi plena, pois os Estados Unidos impuseram uma série de condições para retirar suas tropas da ilha. Uma delas foi a Emenda Platt, inserida na Constituição cubana de 1901, que dava aos Estados Unidos o direito de intervir em Cuba sempre que considerassem necessário para preservar a ordem e a independência. Além disso, a Emenda Platt concedia aos Estados Unidos o arrendamento perpétuo de uma área na baía de Guantánamo, onde foi instalada uma base naval.

O misterioso afundamento do navio USS Maine levou o EUA a entrar no conflito


    Em 1934, o ditador cubano Fulgencio Batista, que havia chegado ao poder com um golpe militar em 1933, negociou com os Estados Unidos a revogação da Emenda Platt em troca de um tratado comercial favorável aos americanos. O presidente americano Franklin Roosevelt revogou a Emenda Platt, como parte de sua política de boa vizinhança com a América Latina. No entanto, os Estados Unidos mantiveram sua influência econômica e política sobre Cuba, e o controle da baia de Guantánamo.

    Batista governou Cuba de forma autoritária até 1944, quando foi eleito democraticamente para a presidência. Seu primeiro mandato foi marcado por algumas reformas sociais e pela participação de Cuba na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados. Em 1948, ele deixou o poder e se mudou para os Estados Unidos.

    Em 1952, Batista voltou a Cuba e deu outro golpe militar, derrubando o presidente Carlos Prío Socarrás e cancelando as eleições previstas para aquele ano. Ele se tornou novamente um ditador, desta vez com o apoio dos Estados Unidos, que viam nele um aliado contra o comunismo na América Latina. Batista reprimiu a oposição, censurou a imprensa, favoreceu os interesses econômicos dos americanos.

    A ditadura de Batista provocou uma forte resistência, a mais significativa foi a liderada por Fidel Castro e seu Movimento 26 de Julho, que iniciaram uma guerrilha nas montanhas da Sierra Maestra em 1956. Após três anos de luta, os rebeldes conseguiram derrotar as forças de Batista na Batalha de Santa Clara, em 1º de janeiro de 1959. Batista fugiu do país na mesma noite, levando consigo uma fortuna roubada do tesouro cubano. Se refugiando na República Dominicana, depois em Portugal e finalmente na Espanha, onde faleceu em 1973.

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