terça-feira, 3 de outubro de 2023

O Fim da Guerra de Nagorno-Karabakh

 A Guerra de Nagorno-Karabakh foi um conflito armado entre a Armênia e o Azerbaijão pela posse do enclave de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa de maioria armênia dentro do território azerbaijano. O conflito teve origem na época soviética, quando a região foi designada como uma república autônoma dentro do Azerbaijão, mas os armênios locais reivindicaram a sua anexação à Armênia. Após o colapso da União Soviética, em 1991, os armênios de Nagorno-Karabakh declararam a sua independência como República de Artsakh, não reconhecida internacionalmente, e travaram uma guerra contra as forças azerbaijanas até 1994, quando um cessar-fogo foi mediado pela Rússia. A guerra deixou cerca de 30 mil mortos e centenas de milhares de deslocados, e resultou no controle armênio de Nagorno-Karabakh e de sete distritos adjacentes do Azerbaijão.

A região foi designada como uma república autônoma dentro do Azerbaijão


    Apesar de várias tentativas de negociação sob os auspícios do Grupo de Minsk, copresidido pela França, Rússia e Estados Unidos, o conflito permaneceu congelado por mais de duas décadas, com ocasionais surtos de violência na linha de contato. Em 2020, uma nova escalada da tensão levou a uma guerra aberta entre a Armênia e o Azerbaijão, que durou seis semanas e terminou com uma derrota esmagadora para a Armênia. O Azerbaijão lançou uma ofensiva militar em 27 de setembro de 2020, apoiado pela Turquia e por mercenários sírios, e conseguiu recuperar o controle de grande parte dos territórios perdidos em 1994, incluindo a cidade estratégica de Shusha. A guerra causou mais de 6.500 mortes, entre civis e militares, e provocou uma nova onda de refugiados, principalmente armênios que fugiram das áreas reconquistadas pelo Azerbaijão.

Em 2023 Azerbaijão reconquistou o controle total sobre a região


    O fim da guerra foi selado por um acordo de cessar-fogo assinado em 10 de novembro de 2020 pelos líderes da Armênia, do Azerbaijão e da Rússia. O acordo previa a cessação das hostilidades, a manutenção do status quo nas áreas sob controle armênio ou azerbaijano, a retirada das forças armênias dos distritos restantes do Azerbaijão até 1º de dezembro de 2020, a abertura de corredores de transporte entre as partes envolvidas e o destacamento de cerca de 2 mil soldados russos como força de paz em Nagorno-Karabakh por um período inicial de cinco anos. O acordo também determinava que a República de Artsakh deixaria de existir a partir de 1º de janeiro de 2024, e que os residentes armênios do enclave deveriam decidir se ficariam sob a soberania do Azerbaijão ou se partiriam para a Armênia.

A Armênia foi a principal prejudicada pelo conflito


    O acordo foi recebido com protestos e indignação na Armênia, onde muitos o consideraram uma traição e uma rendição humilhante. O primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan enfrentou pedidos de renúncia e tentativas de golpe por parte da oposição. Por outro lado, o acordo foi celebrado como uma vitória histórica no Azerbaijão, onde o presidente Ilham Aliyev foi aclamado como um herói nacional. A Turquia também comemorou o resultado da guerra como um triunfo da sua política externa assertiva e da sua aliança estratégica com o Azerbaijão. A Rússia, por sua vez, consolidou o seu papel como mediador e protetor no Cáucaso Sul, ao mesmo tempo em que limitou a influência da Turquia na região.

O fim da guerra em Nagorno-Karabakh marcou uma mudança radical no equilíbrio de poder no Cáucaso Sul, mas também deixou muitas questões em aberto sobre o futuro da região. Ainda não está claro se o acordo será respeitado pelas partes envolvidas, se haverá uma solução política duradoura para o conflito, se os refugiados poderão retornar às suas casas com segurança e se as feridas históricas entre armênios e azerbaijanos poderão ser curadas. O destino de Nagorno-Karabakh permanece incerto e depende da vontade e da capacidade dos atores locais e regionais de construir a paz após décadas de guerra.

O significado do fim da presença armênia em Nagorno-Karabakh para a comunidade armênia é de luto, revolta e esperança. Os armênios, que já sofreram um genocídio no século XX pelas mãos dos turcos, sentem-se traídos e abandonados pelo mundo, que não impediu a agressão do Azerbaijão. Os armênios também se sentem orgulhosos da sua resistência e da sua , que os mantiveram unidos diante das adversidades. Os armênios também se solidarizam com os outros povos que sofrem opressão e violência, e defendem a paz e a justiça para todos. O fim da presença armênia em Nagorno-Karabakh é um desafio para a comunidade armênia, mas também uma oportunidade para fortalecer sua identidade e sua voz.



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